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Educação à deriva

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País que vai mal no teste Pisa não valoriza seus professores nem protege alunos de bullying; ministro prefere colocar culpa no PT

Dos 79 países que participaram do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) aplicado em 2018 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ficou em 58º lugar. A avaliação testa o que os estudantes de 15 anos aprenderam em Português, Matemática e Ciências. Os resultados mostram que o País caiu no ranking mundial nas duas últimas disciplinas e ficou estagnado em leitura.

Para especialistas em educação, esse desempenho, embora desalentador, não surpreende. “O Brasil não evolui porque não tem capacidade de criar novas políticas educacionais, de reorientar essas políticas e de tirar do papel a legislação, como a Emenda Constitucional 59/2009, que ampliou a obrigatoriedade para o ensino e, mais que isso, exigiu melhorias de ofertas de ensino, como escolas mais capazes de garantir que os professores tenham condições de ensinar e os alunos tenham possibilidade de aprender. Além disso, não tem cumprido o piso do Magistério e, principalmente, o Plano Nacional de Educação, um instrumento de planejamento para que o País avançasse em termos educacionais”, apontou o coordenador geral da coalizão Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, em entrevista à Rede Brasil Atual.

Já o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que o resultado ruim do Brasil na prova do Pisa é “integralmente culpa do PT”, mais uma vez fugindo à responsabilidade de debater as condições e apresentar propostas para melhorias no setor.

BULLYING - Para além do conhecimento formal há outro dado assustador captado pelo Pisa. Segundo o teste três em cada dez alunos no Brasil afirmam sofrer bullying ‘algumas vezes ao mês’. Os brasileiros são alvo desse tipo de violência com mais frequência e em mais formas do que a média dos países-membros da OCDE. Do total, 16% relatam ter sido alvo de agressões verbais, 10% dizem ter sido ameaçados, 12% afirmam ter seus pertences roubados ou destruídos e 9% dizem ter sido agredidos fisicamente – na média da organização os porcentuais foram 13%, 5,5%, 6% e 7%, respectivamente. “Esse comportamento violento pode ter consequências físicas e emocionais no longo prazo”, diz o relatório, que destaca pesquisas que mostram haver maior abandono escolar entre quem sofre e quem comete bullying. Os meninos tendem a estar mais envolvidos em situações de violência escolar, tanto como vítimas como agressores.

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