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Bolsonaro quer fim da política de valorização do salário mínimo

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Entidades sindicais já se mobilizam para evitar que alteração seja aprovada no Congresso

misériaNem bem completou seus 100 dias carregados de confusões e polêmicas, o presidente Bolsonaro desferiu novo ataque à classe trabalhadora, com a proposta de dar fim à política de valorização do salário mínimo anunciada no último dia 15. “Acaba esse instrumento importante de elevação do poder de compra dos menores salários da economia brasileira”, advertiu, em comentário na Rádio Brasil Atual, o diretor técnico do Dieese Clemente Ganz.

Sem a política de valorização do salário mínimo implantada em 2004 hoje a remuneração poderia ser de R$ 573, ou seja, R$ 425 menos do que o atual, de R$ 998.

“Esses R$ 425 colocam na economia R$ 265 bilhões ao ano”, destaca Ganz. “É uma política fundamental para diminuir as desigualdades e essencial para que o mínimo, crescendo, se aproxime do valor do salário necessário calculado pelo Dieese, que hoje é de R$ 4.300”, justifica o diretor técnico.

O ataque consta do texto que traça as diretrizes para o Orçamento do ano que vem, no qual Bolsonaro propõe que o piso do salário mínimo seja de R$ 1.040 a partir de janeiro de 2020. O valor prevê apenas a reposição da inflação, estimada em 4,2% este ano, sem aumento real.

Se essa proposta for aprovada pelo Congresso Nacional em dezembro, quando os parlamentares votam a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano seguinte, será oficialmente extinta a Política de Valorização do Salário Mínimo, que foi negociada entre a CUT e demais centrais sindicais e o governo do ex-presidente Lula em 2004.

“Nós não vamos deixar essa tragédia acontecer. Vamos procurar os deputados, vamos de gabinete em gabinete, se for preciso, falar sobre a importância desta política para o Brasil e os brasileiros, em especial os mais pobres”, diz o presidente da CUT, Vagner Freitas.

Segundo Vagner, além do aumento da média salarial dos trabalhadores que ganham próximo ao piso, cerca de 70% dos municípios do país (3.875 cidades) têm como maior fonte de renda os benefícios pagos pela Previdência Social, a maioria com base no salário mínimo.

100 dias sem governo 

Começou muito mal o governo Bolsonaro, cujos 100 dias de poder (completados em 10 de abril) foram uma mescla de atitudes controversas, brigas com a própria equipe (dois ministros defenestrados), denúncias contra sua família por envolvimento com milicianos, recuos depois de bravatas, nenhuma melhora na economia (o desemprego é recorde), decretos e portarias que atingem diretamente empresas públicas (inclusive os bancos) e seus empregados e, claro, como resultado de tamanho desgoverno, uma desaprovação também recordista. De acordo com a pesquisa CUT/Vox Populi, subiu de 46% para 70% o percentual de brasileiros insatisfeitos com relação ao Brasil, entre setembro do ano passado, antes da eleição, e abril deste ano, após os cem dias de mandato. Do total, 53% declararam estar insatisfeitos e 17% muito insatisfeitos. “É uma situação terrível, estamos todos no mesmo barco, mas até quem votou em Bolsonaro já começa a perceber que ele não tem a menor condição de governar” avalia o presidente do Sindicato, Belmiro Moreira.

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