Uma tragédia nesta data, no ano de 1911, causou a morte de mais de 100 operárias, mas as lutas feministas são anteriores e têm origem no século 19
Sempre que se fala no 8 de Março vem à mente a imagem de operárias carbonizadas numa empresa de Nova York durante reivindicações por melhores condições de trabalho. Mas a verdade é que o movimento feminista vem de longa data, anterior a 1911, quando ocorreu essa tragédia. Vem ao lado da luta dos operários pela história, desde a exploração introduzida pela Revolução Industrial no século 19.
As mulheres foram às greves contra as longas jornadas, baixos salários, más condições de trabalho e pelo fim do trabalho infantil, muito comum nas fábricas do período. No Brasil, essas lutas surgiram com os anarquistas do início do século passado. O direito ao voto, só conquistado em 1932, mobilizou a ação feminina nas décadas de 1920 e 30. Foi só nos anos 1960, porém, que o movimento feminista ganhou corpo e, em 1977, o "8 de março" foi reconhecido como Dia Internacional da Mulher pela ONU.
A partir dos anos 1970 surgiram no País organizações que passaram a incluir nas discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. E nos anos 1980, com as ações pela retomada democrática do País, isso se fortaleceu e resultou em valiosas conquistas, tais como a criação de conselhos voltados à condição feminina, o surgimento das delegacias especializadas da mulher (1985) e a lei Maria da Penha (2006). Hoje, as mulheres não pedem mais espaço. Elas sabem que o espaço é delas, e estão aí para defender seus direitos, entre os quais a democracia.
Inez Galardinovic, diretora do Sindicato